quinta-feira, julho 15, 2004

Talvez o melhor episódio de sempre

Não consigo contar as dezenas de conversas sobre o audiovisual português em que já ouvi centenas de argumentos diferentes para a razão da ficção televisiva nacional não resultar. Uma vez que sou boa pessoa vou aqui apresentar a verdadeira solução e esperar pelos resultados. Sopranos. Season 2. Episódio número 22, de seu título “From where to eternity”. Christopher está no hospital em estado grave depois de ter sido baleado. De repente o seu coração pára, a máquina silva aquele sinal vital seguido de que a vida se foi, os médicos lutam para trazê-lo de volta. E nós o espectador só pedimos para que aquilo não esteja a acontecer, mas que Christopher fique entre nós. Depois, vem o alivio.

É assim meus senhores, que se escreve ficção.

sexta-feira, julho 09, 2004

Este post é para ser lido muito rápido

Eu sei que não é cinema.
Que não tem nada relacionado com a temática do blogue.
(Agora ler ainda mais rápido)
Quase Famosos e Esplanar!
Obrigado.


Quem manda aqui sou eu.


Tum ... tum, tum tum tum,
Costa Santos!

quarta-feira, julho 07, 2004

A minha primeira vez

Dia 7 de Julho de 2004

Querido blogue:
Hoje estou muito preocupado e não consigo dormir. Agora que estou a escrever estas palavras são duas e meia da manhã. Acho que não vou conseguir dormir porque estou com os nervos em franja. Amanhã, vai ser a minha primeira vez. Vai ser com a Sofia. Eu e a Sofia já curtimos uma vez em 1999. Foi muito bom e fiquei muito surpreendido por gostar tanto. Mas foi só beijinhos e carícias, e acabei por continuar virgem o que me deu para ter instintos suicidas pela primeira vez. Depois a Sofia desapareceu, e o ano passado contaram-me que andou com toda a gente e que toda a gente gostou muito. Agora parece que chegou a minha vez. A Sofia diz que quer fazê-lo amanhã comigo. Disse para eu estar na Cinemateca às 21:30 porque é lá que ela quer ter relações. Eu não percebo porquê. Dizem que a Cinemateca é um sitio assim meio estranho onde passam uns filmes a preto e branco que ninguém percebe. Ela lá sabe. Claro que eu disse logo que sim, pois não posso perder estar oportunidade. Mas sabes, querido blogue, o amor é realmente um lugar estranho. Portanto, amanhã vou deixar de ser virgem (não contes a ninguém) e estou por isso muito nervoso. Dizem que dói muito, e isso preocupa-me, mas por outro lado também dizem que no fim sentimos uma felicidade muito grande e só nos apetece fazer outra vez. Ai, espero que seja bom, e que as horas até lá passem a correr. Depois conto-te tudo, meu querido blogue.

Até amanhã.

terça-feira, julho 06, 2004

O peso da cultura

Na Cinemateca encontram-se algumas das mulheres mais belas que já vi em Lisboa. Pena que andem todas a olhar para o chão.

O ciclo continua

O mais curioso nos Cassavette’s que passam agora na Cinemateca é que existe sempre um ou outro espectador que se levanta da cadeira quando faltam 5 segundos para o filme acabar. Este manifesto do “eu-já-vi-e-sou-tão-culto-em-cinema-que-aqui-o-provo-a-todos-estes-inferiores-sentados-na-sala-que-não-sabem-o-que-é-cinema”, é engraçado. Depois há aquele que gosta muito de rir a alto e bom som em certas cenas, mas nunca se ri em cenas hilariantes de realizadores comerciais. Gosto muito da Cinemateca, porque ali posso sempre ver dois filmes ao mesmo tempo na mesma sala. Quero já agradecer aos responsáveis por este espaço o empenho e dedicação. Acreditem que foram ao detalhe de colocar Animatronics que são autênticas personagens fascinantes. Uns no bar, outra nas escadas, uns no corredor. Gosto muito. Quem não tem visitado os Cassavete’s que por lá têm passado ainda vai a tempo. Ainda há muito para ver e descobrir. No meu caso, hoje foi dia de descobrir os fantásticos John Marley, Seymour Cassel, Everett Chambers, e uma das mulheres mais belas de sempre: Stella Stevens

sábado, julho 03, 2004

No meu tempo, às 21:30, cama!

Portugal está a mudar. Sociólogos olham espantados para as muitas bandeiras nas paredes. Jornalistas comentam espantados a confiança dos portugueses, a certeza na vitória que deu lugar ao eterno queixume do “vai ser difícil” e do “ir aos quartos já é bom”. Muitos bocas afirmam que o povo está a evoluir, que estamos a crescer mais depressa. Mas digam-me uma coisa: uma sessão de Shrek 2 à meia-noite em versão dobrada não será pôr o carro à frente dos bois? Vamos lá com calma.

A eterna questão do sublime

Umas das personagens de ficção que mais me fascina é Tom Ripley, talvez porque não o compreenda. A sua criadora, Patricia Highsmith, conhecia uma das regras fundamentais de um bom contador de histórias: amar os vilões. O vilão, se é que podemos adjectivar Ripley desta forma, deve sempre ser escrito de forma amoral. Não, não precisamos de o compreender nem ajuizá-lo. Analisando os vários psicopatas do cinema e da literatura, reparo que existe uma necessidade de justificar de alguma forma as suas acções: um trauma, um armário, um cinto, algures no passado. Este foi o grande erro de Anthony Minghella em The Talented Mr. Ripley, tentar justificar de alguma forma as acções de Tom, ajuizar. O filme em questão é um bom momento de cinema se não conhecermos previamente a personagem principal. Caso contrário, é uma afronta ao fascinante Ripley. Liliana Cavani recoloca a personagem no trilho certo em Ripley’s Game, sem remorsos, sem consciência, quase desprovido de sentimentos.
Em muitos livros de cinema afirma-se que o espectador e o leitor procuram uma identificação com as personagens, e que quando tal acontece a experiência é muito mais enriquecedora. Balelas! Eu não me identifico minimamente com Tom Ripley e porém é uma das personagens mais fascinantes que habitam os mundos do papel e do celulóide. O cinema tem de nos dar experiências únicas. Aceito. As personagens deve ser metáforas para a condição humana. E qual a metáfora para Tom Ripley? O mal? Quer-me parecer que não, que categorizá-lo será limitar o campo de acção desta personagem. Um campo de acção de proporções megalómanas, enterrado bem fundo no mais profundo dos segredos. Um homem maior que a vida. Uma criação, como o próprio gosta de se intitular. A mais sublime das criações: uma personagem que nos confunde e fascina.

Jonathan Trevanny: Oh, hi. You're here, then. Excellent. We were hoping you'd come.
Tom Ripley: Why?
Jonathan Trevanny: Well, to... to add spice to the evening.
Tom Ripley: Meaning?
Jonathan Trevanny: You're a bit of a local personality.
Tom Ripley: Meaning?
Jonathan Trevanny: People have heard about you.
Tom Ripley: Meaning?
Jonathan Trevanny: Nothing. Just... nothing.

quinta-feira, julho 01, 2004

Shadows...

...um filme de John começa hoje Cassavetes.

Filmes que nos levam

A compra está feita, e nem dava muito jeito. Certas acções devem ser feitas sem a ajuda do cérebro e da matemática financeira. Duas vezes visto em tela, duas vezes alugado, e agora a quinta saído da minha prateleira das emoções. 25th Hour é o melhor filme dos últimos anos, ponto final. A raiva contida, a impotência frustrante, o aperto na garganta, só igualáveis numa outra obra-prima, Raging Bull de seu nome. A única diferença do filme de Scorcese é que não é o melhor filme dos últimos anos. É o melhor filme de sempre. Mais uma vez, ponto final. Passo pela prateleira, percorro os títulos, descubro os atrás referidos. Os dedos passam levemente pela lombada. Sorrio. Um minuto depois estou no sofá, e escusam de me dirigir a palavra. Já não estou cá.

Crime Wave

Através da britânica Sight&Sound descobri que o crime vai invadir as nossas televisões. De 12 a 18 de Julho temos tiros, mortes, belas mulheres, máfia, e muito noir no canal TCM. Quem não tem cabo, não tem onde se agarrar. Eu cá, agarro-me ao comando e à paixão. Deixo-vos aqui as pistas, a seguir.

Dia 12
White Heat de Raoul Walsh – 20:00
Little Caesar de Mervyn LeRoy – 21:55
Dia 13
The Big Sleep de Howard Hawks - 20:00
Dia 14
The Outfit de John Flynn - 20:00
Dia 15
Get Carter de Mike Hodges – 21:00
Cool Breeze de Barry Pollack – 23:05
Dia 16
Point Blank de John Boorman – 20:10
Slither de Howard Zieff – 21:45
Murder Most Foul de George Pollock – 03:20
Dia 17
Shaft de Gordon Parks – 20:00
Hitman de George Armitage – 21:45
Dia 18
The Maltese Falcon de John Huston – 20:15